Em 2015 Cleidenilson Pereira da Silva, de 29 anos, foi linchado por cidadãos, com mãos, pernas e tronco amarrados em um poste de luz, até a chegada da polícia. Hoje em 2016, eu Jean Rocha ao tentar desamarrar minha bicicleta do poste fui abordado por um homem que me perguntou se a bike me pertencia, eu respondi que sim, e ele disse que ia chamar o polícia, eu disse ok quando eles chegarem eu esclareço, alguém deve ter tentado roubar minha bike e por isso a chave esta travando, já aconteceu com uma amiga, ele não quis saber, defensor da moral e bons costumes já foi logo deduzindo que eu seria um ladrão. Continuei sentado na rua calmamente tentando abrir meu cadeado, ele começou a dizer que se eu não conseguisse abrir aquela porra, ele iria me bater, me espancar, eu disse calma, a bicicleta é minha pode chamar a polícia eu esclaerecerei os fatos, vai lá.O sujeito volta mais agressivo e agora acompanhado por mais um e ambos começam a me intimidar, eu começo a tremer e agora ta cada vez mais impossível abrir o cadeado, ligo para meu pai pedindo ajuda, já não sei oque fazer, o circulo esta se fechando e sinto que em segundos começarei apanhar, meu pai estava de carro e chegaria em poucos minutos, então me acalmei e finalmente consegui abrir a porra do cadeado, ligo pro meu pai cancelando o Help e me dirijo até o sujeito para mostrar que consegui, ele me responde ainda puto. Vai lá seu safado, conseguiu tirar leva essa porra, mais ai tirei fotos suas e filmei os fatos, vou publicar, se vai se ferrar vou te denunciar. Nessa hora perco o controle e falo. Meu irmão vai se fuder, eu to falando que essa porra é minha, tu ta de tiração comigo que eu sou preto e pobre, fosse um branquelo engomadinho tu ofereceria a serra.Cê ta me tirando de racista, seu vitimista do caralho ? Tô, cê ta fazendo barraco porque tirei minha bike do poste! A confusão ficou feia, chegou mais pessoas e então resolvi ir embora, e por quê to escrevendo esse texto? Porque estive do outro lado do poste e sobrevivi pra contar, pra você que comemora a morte do bandido, que defende a justiça pelas próprias mãos terem a oportunidade de repensar, hoje fui eu e sobrevivi, amanhã pode ser você, o José, a Maria, ou qualquer outro desafortunado que carrega consigo o "esteriótipo" de cidadão desonesto.
Relato de Ibu Jean Rocha
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Cara, é de dar um nó na garganta, não apenas pelo relato em si, mas quando você pensa em todo o contexto, como chegamos a isso?
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